segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Oficinas do PIBID na Escola Estadual Prof. Nestor Carvalho - Itabaiana - SE
com os alunos do 5 ano






Fichamento
  Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética

Referência:
Mendonça, Onaide Schwartz. Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire / Onaide Schwartz Mendonça, Olympio Correa Mendonça. São Paulo: Cortez, 2007.

Resumo:
Na esperança de contribuir para inclusão social de milhões de brasileiros, no domínio da leitura e da escrita com instrumento para conscientização de seus direitos de cidadão, Paulo Freire elaborou o que dominou ser mais uma filosofia de educação do que propriamente um método. No “Método Paulo Freire”, a sua descrição e releitura serão utilizadas para explicitação do que ora denominamos Método Sociolinguístico de Alfabetização. Em se tratando de alfabetização, sempre que houver a palavra método, ocorre certa rejeição em função dos séculos de domínio do método (soletração, fônico, silábico, palavração, sentenciarão, eclético ou global) através dos quais principalmente crianças foram submetidas a processos incoerentes, desgastantes de suas realidades com o intuito de receberem o ensino da leitura. O método Paulo Freire, é dividido em quatro fundamentos sociolinguísticos, codificação, descodificação, Análise, e fixação da leitura e escrita. Codificação é a representação de um aspecto da realidade expresso pela palavra gerador, por meio da oralidade, desenho, dramatização, mímica, música e de outros códigos que o alfabetizando já domina. Descodificação é releitura da realidade expressa na palavra geradora para superar as formas ingênuas de compreender o mundo, através da discussão crítica e do subsídio do conhecimento universal acumulado (ciência, arte, cultura etc.). O objetivo da análise síntese é elevar o aprendiz a descobrir que apalavra escrita representa a palavra falada, através da divisão da palavra em sílabas e apresentação de suas famílias silábicas na ficha de descoberta e, a seguir, junção das sílabas para formar novas palavras, levando o alfabetizando a entender o processo de composição e os significados das palavras, por meio da leitura da escrita. Já na fixação da leitura e escrita, faz à revisão da análise das sílabas da palavra  e apresentação de suas famílias silábicas na ficha de descoberta, formar novas palavras com significado e para composição de frases e textos com leitura e escrita significativas. A palavra geradora é extraída do universo vocabular da comunidade, conforme critérios de produtividade temática, fonêmica (uma palavra composta, preferencialmente, por três sílabas) e de conscientização, e que, decomposta em sílabas, pela combinação das mesmas gera outras palavras com significado. A linguagem humana sofre mudanças, quando varia no espaço, no tempo, nas camadas sociais e de individuo para individuo, e apresenta complexas relações entre letras e som, em nível de escrita e fala. O nível socioeconômico e cultural dos grupos sociais condiciona a linguagem de seus membros. O professor precisa pesquisar o meio em o aprendiz vive, para poder desenvolver atividades didáticas com iniciar alfabetização com palavras pertencentes a sua cultura.
  Cabe ao educador, compreender a variedade linguística de seus alunos, respeitando-a e partindo dela, trabalhar suas diferenças, levando o aluno ao domínio de mais uma variedade, a padrão, que é privilégio das elites instrumentalizando-a para a transformação da sociedade e exercício pleno da cidadania. O ponto de partida do método Paulo Freire, é a pesquisa da fala da comunidade a ser alfabetizada e o levantamento do seu universo vocabular, necessário para a seleção das palavras geradas da comunidade, que depois serão submetidas, á “codificação”, “decodificação” e análise e síntese. A “codificação” e a “decodificação” da palavra geradora constituem os dois primeiros passos do Método Paulo Freire de Alfabetização, garantindo que a aquisição da leitura e da escrita seja significativa, no sentido de que partem da discussão da palavra geradora, discursivamente, através do diálogo e dos códigos que o alfabetizando já domina.
A “codificação” e “descodificação” representam a fase necessária de exploração das potencialidades mentais do alfabetizando. Freire contextualiza e acrescenta a interação verbal como colaborador e enriquecedora do processo de alfabetização, de tal forma que sua prática socializadora de conhecimento dinamiza e motiva o processo de ensino/aprendizagem. A “codificação” é o momento privilegiado em que é dado ao aprendiz o direito a veze a voz.
O diálogo entre professor/aluno é imprescindível, pois, através dele, o professor descobre a visão do mundo dos educandos para, no segundo passo, intervir, trazendo conhecimentos científicos que promovam a transformação daquela visão de mundo. A partir do momento em que o aluno tem a oportunidade de falar e é ouvida pelo professor, sua postura se transforma em sala de aula e o respeito mútuo surge como elemento fundamental na construção da aprendizagem e da disciplina. Quando o professor ouve o aluno, demostra respeito por ele, a recíproca será mera consequência.
A descodificação poderá ser introduzida por um texto que pode ser cientifico, ou a letra de uma música, de uma poesia, um artigo de revista ou jornal, um rótulo de embalagem ou outro suporte de preferência do professor (desde que trate do tema gerador em estudo), através do qual será feita a releitura de mundo. Nessa releitura, o professor irá orientar a discussão com questionamentos que induzem os alunos a reflexão sobre o tema em debate. Ao contrario da “codificação”, em que o professor questiona apenas para descobrir o que os alunos sabem/pensam sobre o tema (questões de nível superficial), na “descodificação” o docente questiona para fazer com quer reflitam sobre ele e assim cresçam criticamente.
Os materiais didáticos de alfabetização iniciam a alfabetização pela letra, pela silaba, ou pela palavra, ou pela sentença ou ainda por um texto. Essa metodologia torna-se mecânica, se não for inserido na situação e na intencionalidade discursiva do alfabetizando. Paulo Freire só faz análise e a síntese das sílabas da palavra geradora depois de retirá-la do contexto onde é produzida, com seu significado em uso geral da linguagem. Para ele, era por meio da análise e síntese que o aprendiz tomaria consciência da existência da sílaba, estabeleceria a correspondência entre fala e escrita e, em vez de memorizar, compreenderia nosso sistema de escrita alfabética, além de ter a oportunidade de compor novas palavras por meio da fixa de descoberta.
linguística (ciência da linguagem) contribui para a formação do alfabetizador, por quanto oferece fundamentos necessários a compreensão do processo de aprendizagem e ensino da leitura e da escrita, e das estratégias para a aquisição dessas habilidades. A ideografia, ou seja, os desenhos foram simplificando-se esse e passou-se a atribuir a alguns deles um significado convencional: os caracteres afastavam-se das figuras e aproximavam-se do que se tornariam posteriormente as letras. O primeiro alfabeto moderno foi desenvolvido pelos gregos, que introduziram as vogais no anterior alfabeto semítico, que usava apenas as consoantes. Por sua vez, do alfabeto grego derivou o alfabeto romano, que é o vigente na escrita alfabética de hoje.
No nível pré-silábico de escrita, o aprendiz pensa que se escreve com desenhos rabiscos, letras ou outros sinais gráficos, e que a palavra assim inscrita representa a coisa que se refere. O nível silábico faz-se com atividades de vinculação do discurso oral com o texto escrito, com o da palavra falada. O aprendiz descobre que a palavra escrita representa a palavra falada e, por vezes, pensa que basta uma letra para se puder pronunciar uma sílaba oral. Crianças e adultos parecem passar pelas fases pré-silábica e silábica, atingindo finalmente a fase alfabética. Aqui o aprendiz analisa na palavra suas famílias, vogais consoantes. No nível alfabético, o aprendiz ver nas palavras as sílabas os fonemas combinados, desequilibra-se ao perceber que essa relação biunívoca letra/som, som/letra, onde a letra representa o som, não ocorre sempre. É o momento em que o educador intervém e mostra, para o domínio da escrita, o aluno precisa perceber que o som da fala não é representado sempre biunivocamente, mas que têm relações complexas.
Citações Principais do texto:
  “A rigor não se poderia falar em “método” Paulo Freire, pois se trata muito mais de uma teoria do conhecimento e uma filosofia da educação do que um método de ensino. Chama-se a esse método sistema, filosofia ou teoria do conhecimento”. (Moacir Gadotti, 1989: 32).
“A leitura do mundo precede leitura da palavra...” (Paulo Freire, 1989: 11).
“O diálogo se estabelece em torno de um desenho... é fundamental no processo de elaboração, de produção compartilhada do conhecimento”. E continua: “A escola... tem silenciado sua fala (do alfabetizando) na repetição em coro de sílabas, palavras e frases desarticuladas, descontextualizadas e, portanto sem sentido”. (Smolka, 1988: 39).
“A conscientização implica que o ultrapassemos a esfera espontânea atenção de apreensão da realidade para chegarmos à uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica”.(Paulo Freire, 1980:26).
“(...) compreender que o que a escrita representa são as variações da pauta sonora, e que é principalmente a essas variações que se vinculam as variações nas escritas efetivas”. (Weisz, 1988; 79).
“As técnicas de análise fonológica, aliadas a uma boa descrição fonética, permitem não só às professoras entenderem de fato o que acontece com os problemas da fala e escrita, como permitem ainda a elaboração de atividades que facilitem o processo de aprendizagem por parte dos alunos que passarão a receber uma explicação de como a aprendizagem por parte dos alunos que passarão a receber uma explicação de como a fala, a escrita, a leitura e a língua portuguesa funcionam”.(Cagliari,1989:93).
“Alfabetização gira em torno de três aspectos importantes da linguagem: a fala, a escrita e a leitura. Analisando esses três pontos, tem-se uma compreensão melhor de como são as cartilhas ou qualquer outro método de alfabetização”. (Cagliari, 1999:82).
“Educação é, por definição, um processo dirigindo a objetivos. Só vamos educar os outros se quisermos que eles fiquem diferentes, pois educar é um processo de transformação das pessoas”. (Magda Soares, 2003 a: 17).
“Como eu, o analfabeto é capaz de sentir a caneta e dizer caneta. (...) A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão  escrita da expressão oral .(..) Aí tem [o alfabetizando] um momento de sua tarefa criadora.(Paulo Freire, 1989:19).
“Ler é descobrir na grafia dos signos uma sequencia ordenada de sons. Insistimos no fato de que a leitura, durante todo o período do ensino elementar se faz em voz alta. “Fala-se a escrita”. Quer dizer que o aluno descobre a fala e ouve-a, mas não é mais fonte da mesma: fala partir de um texto. Graças a essa fala, compreende o escrito; a ajuda do oral é indispensável para que a grafia se revele”. (Genouvier e Peytard, 1974:20-21).
“(...) o processo de aquisição da língua escrita, ou seja, das habilidades básicas de leitura e de escrita (...) significa ensinar o código escrito correspondente ao código oral, habilitando o aluno a decifra-lo (leitura, descodificação) e a utiliza-lo... (escrita, codificação)”. (Abud, 1987:7).
“... Fui alfabetizado no chão de minha casa, á sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não de mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro negro, gravetos, o meu giz”. (Freire, 1989:15).
Conclusão:

Conclui que, o método sociolinguístico engloba o contexto social, cultural e econômico dos alfabetizando. Onde o educador, precisa compreender e repetir a variedade linguística de cada um, e a partir dessa realidade desenvolver atividades em sala de aula que possa trabalhar o cotidiano de cada aluno. Dando espaço ao alfabetizando, de compartilhar os seus conhecimentos adquirido dentro e fora da sala de aula.